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Os Danos Causados pela Dependência Química e o Papel da Recuperação, Terapias e Apoio em um Caminho de Sobriedade e Reabilitação
Introdução
O abuso de drogas é uma questão global que afeta milhões de pessoas ao longo da vida, levando a consequências graves e, muitas vezes, irreversíveis para a saúde física, mental e social. No Brasil, o aumento do consumo de drogas ilícitas e do álcool tem gerado um impacto significativo na sociedade, afetando tanto os dependentes quanto suas famílias e a comunidade em geral. A dependência química pode levar a uma deterioração gradual da qualidade de vida, trazendo doenças crônicas, danos cerebrais e rompimentos de laços sociais.
Neste artigo, discutiremos as principais consequências do abuso de drogas, o que mais é afetado por essa prática, e como os programas de recuperação, como o Programa de 12 Passos, e terapias estruturadas, como o SHP, podem ajudar na reabilitação e no retorno a uma vida sem drogas.
Consequências Físicas do Abuso de Drogas
O corpo humano não foi feito para suportar o uso contínuo de substâncias químicas como drogas ilícitas e álcool. O uso prolongado afeta diretamente órgãos vitais, podendo causar doenças crônicas. Entre as principais consequências físicas estão:
- Doenças Hepáticas: O abuso de álcool e drogas como cocaína pode resultar em cirrose, hepatite e insuficiência hepática. O fígado é especialmente vulnerável, sendo um dos órgãos mais impactados.
- Danos ao Sistema Cardiovascular: Substâncias como a cocaína e o crack aumentam o risco de infarto e acidentes vasculares cerebrais (AVC). Segundo Costa (2017), “O uso contínuo dessas drogas causa alterações na pressão arterial, podendo levar a arritmias e paradas cardíacas.”
- Comprometimento do Sistema Respiratório: O uso de drogas inaladas, como crack e metanfetamina, causa lesões nos pulmões, levando a condições como bronquite crônica, enfisema e até câncer pulmonar.
- Deficiências Neurológicas: O abuso prolongado de drogas também afeta o cérebro, comprometendo áreas responsáveis pela memória, aprendizado e controle emocional. Segundo Silva e Almeida (2018), “As mudanças neurológicas são, muitas vezes, permanentes, levando o dependente a lidar com distúrbios cognitivos mesmo após o fim do uso.”
2. Impactos na Saúde Mental
O uso prolongado de substâncias químicas altera a química cerebral, causando efeitos profundos na saúde mental. Entre os transtornos mais comuns estão:
Comportamentos Suicidas: A sensação de desesperança e o impacto emocional do uso contínuo de drogas são fatores de risco para o suicídio. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que os dependentes químicos têm uma taxa de suicídio até seis vezes maior do que a população em geral.
Depressão e Ansiedade: O abuso de drogas pode agravar ou mesmo desencadear transtornos mentais, como depressão e ansiedade severa. “O uso de drogas altera os níveis de neurotransmissores como a serotonina e dopamina, exacerbando quadros depressivos” (JUNQUEIRA, 2019).
Transtornos Psicóticos: Drogas como maconha, LSD e metanfetaminas podem desencadear episódios de psicose, onde o indivíduo perde a conexão com a realidade. Em muitos casos, esses episódios podem ser recorrentes ou permanentes.
3. Consequências Sociais e Familiares
O uso de drogas afeta diretamente os relacionamentos pessoais e sociais. Lares são destruídos, carreiras arruinadas, e o dependente muitas vezes se encontra isolado, sem o suporte de amigos e familiares.
Envolvimento em Atividades Criminosas: Muitos dependentes recorrem a atividades ilícitas para sustentar o vício, o que os coloca em conflito com a lei. O tráfico de drogas e o roubo são crimes frequentemente associados ao uso de substâncias ilícitas.
Perda de Empregos: O desempenho no trabalho é gravemente afetado pelo uso de drogas. Faltas frequentes, comportamento agressivo ou desinteressado e desorganização são algumas das características que levam à perda de emprego.
Rompimento de Laços Familiares: A dependência química cria um ambiente de desconfiança, dor e frustração dentro da família. Segundo Lopes (2020), “A família de um dependente químico muitas vezes sofre mais do que o próprio dependente, já que seus membros são expostos ao impacto emocional e financeiro dessa doença.”
4. O Papel da Recuperação e Reabilitação
Embora as consequências do abuso de drogas possam ser devastadoras, a recuperação é possível. O Programa de 12 Passos, popularizado pelos Alcoólicos Anônimos, tem sido uma ferramenta eficaz para ajudar dependentes a manterem a sobriedade. “O programa não só oferece um caminho de recuperação, mas também promove uma nova forma de viver, baseada na aceitação, na reparação de erros e no apoio mútuo” (SANTOS, 2021).
O Sistema de Health Planning (SHP) também é amplamente utilizado no Brasil como uma abordagem estruturada de tratamento, oferecendo suporte médico, psicológico e social.
5. Terapia como Suporte no Processo de Recuperação
A terapia, em suas diversas abordagens, é um pilar fundamental no processo de recuperação. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) ajuda os dependentes a reconhecer padrões destrutivos de pensamento e comportamento e a desenvolver estratégias para substituí-los por ações mais saudáveis. Segundo Castro (2018), “A TCC é eficaz no tratamento de dependentes químicos, pois ensina maneiras práticas de lidar com o estresse, os gatilhos e as emoções difíceis.”
Grupos de apoio, como os Narcóticos Anônimos (NA), fornecem um espaço seguro onde os dependentes podem compartilhar suas experiências e encontrar forças para continuar na jornada da recuperação.
6. “Só por Hoje”: A Filosofia da Recuperação
A filosofia de “Só por Hoje” desempenha um papel crucial na recuperação da dependência química. Essa abordagem ensina os dependentes a focarem no presente, evitando a sobrecarga de tentar resolver todos os problemas de uma vez. “Só por hoje, eu não vou usar” é uma afirmação poderosa, especialmente para aqueles que estão nos primeiros estágios de abstinência (BARBOSA, 2020).
O foco diário permite que o indivíduo construa, pouco a pouco, uma vida sem drogas, fundamentada na disciplina e no autocuidado.
Conclusão
As consequências do abuso de drogas ao longo da vida afetam profundamente a saúde física, mental e social de um indivíduo. No entanto, com o apoio adequado — seja por meio de terapias, programas como o de 12 Passos ou redes de apoio estruturadas como o SHP —, é possível superar esses danos e reconstituir uma vida baseada na sobriedade e na reintegração social. A jornada de recuperação é desafiadora, mas com a filosofia de “Só por Hoje”, muitas vidas têm sido transformadas.
Referências Bibliográficas
BARBOSA, M. A Filosofia de Só por Hoje na Recuperação de Dependentes. São Paulo: Livros para Viver, 2020.
COSTA, L. Drogas e Saúde Cardiovascular. Rio de Janeiro: Saúde em Foco, 2017.
CASTRO, P. Terapias Cognitivas na Reabilitação de Dependentes. Curitiba: Mentes Saudáveis, 2018.
JUNQUEIRA, R. Drogas e o Impacto na Saúde Mental. Porto Alegre: Psicologia Ativa, 2019.
LOPES, F. Famílias e Dependência Química: Os Desafios da Convivência. Recife: Editora Brasileira de Saúde, 2020.
SANTOS, J. O Papel do Programa de 12 Passos na Recuperação de Dependentes Químicos. Salvador: Caminho da Sobriedade, 2021.
SILVA, A., & ALMEIDA, T. Neurologia e Dependência Química. Brasília: Vida sem Drogas, 2018.
